Hoje eu acordei com saudade

05 . setembro . 2017

Saudade é uma palavra e, muito mais, um sentimento que só existe em Português.

Já procurei várias vezes uma tradução que fosse fiel, mas nunca cheguei perto de encontrar. E como explicar, em outro idioma, na ausência de vocabulário que expresse que saudade não é simplesmente “miss something” ou sentir “melancholia“? Saudade é uma palavra que existe em si mesma e não adianta tentar explicar racionalmente. Já tentei fazer isso com algumas pessoas que tive o prazer de conhecer e que não tem a sorte de ter uma palavra que diz tanto em sua língua materna.

É um engano pensar que quem mora longe de casa, seja em outro país, cidade, bairro… vive 24 horas do dia, 7 dias por semana com sintomas de saudade. A gente sente muita falta. A gente lembra da voz. A gente queria poder ir nos aniversários. A gente se irrita com o fuso que atrapalha. A gente queria comer aquela comida gostosa de domingo com a família. A gente fica chateado de não entender as piadas internas. A gente se dá conta que não está mais fazendo parte. Mas sentir saudade é mais que isso.

Eu acredito que, com o tempo e com a certeza das decisões que venham a ser tomadas, a gente até se acostuma com a falta, mas a saudade?! Com a saudade não, não existe frase em que costume e saudade estejam juntas em harmonia. Quando ela bem entende, ela bate, sem aviso prévio, no meio do dia… No meu caso, hoje, foi tomando café, olhando diferente para a caneca que uso todo santo dia – que eu ganhei de presente de algumas das melhores pessoas que existem na face da terra quando estava vindo pra cá.

Foi exatamente assim, do nada, me deu um aperto no coração, um frio na barriga, lembrei de uma cena e era certeza que a saudade estava tomando conta.

Aí quando acontece isso, parece que falta o chão. Nada ao redor parece nítido. Um nó incontrolável surge na garganta mesmo que não vire choro. Esse nó vira uma necessidade absurda de querer ouvir a voz, saber da vida, dizer que lembrou de uma coisa, perguntar do dia, só se fazer presente mesmo e ganhar de volta um amor que preencha e esquente um pouquinho o coração. Só que, como o fuso não me permite fazer isso na hora que eu quero, eu vim escrever. Mãos tremendo, segurando um choro que sei que vai falar por mim uma hora ou outra.

Vim escrever porque, pois bem, hoje eu acordei com saudade. Não foi a primeira e não vai ser a última vez. Decidi colocar pra fora de uma maneira que eu consiga explicar, meio pra mim mesma, meio pra quem vai ler, que tudo bem doer assim as vezes. Bate um medinho toda vez, de que “dessa vez eu não vou aguentar”, mas eu sei que vou, já me dei conta de que aprendi a conviver com esse sentimento exclusivamente nosso nesses sete meses, mas se tem uma coisa que eu tenho cada dia mais certeza, é que não fica mais fácil.

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