Eu sempre tive fascínio por me comunicar – quem me conhece sabe que eu disparo 400 ppm (palavras por minuto rs). Além disso, eu sou muito curiosa! O meu nível é daqueles que se você disser que quer conversar comigo uma coisa importante, eu não vou conseguir pensar em NADA além disso até a gente conversar. Isso se eu não ficar pedindo para você me contar de 5 em 5 segundos!
Minha mãe me conta, que quando eu tinha uns 4 anos, eu pedia para ela me ensinar a ler, porque eu amava as revistinhas da Mônica e ela que tinha que ler para mim, mas eu queria ler sozinha, porque né?! Curiosa e querendo receber de forma direta as mensagens que aquelas páginas e desenhos passavam! Ela não ensinou, ela costuma dizer que tudo tem sua hora e, eu tinha que esperar para aprender na escola. Lá pelos 6 eu já estava aprendendo, lendo tudo o que via pela frente.
Naquela preocupação de pai e mãe querendo formar a melhor versão de filha possível, aos 8 me colocaram para aprender inglês. Lembro da minha primeira professora até hoje, inclusive saudades, e eu amava de paixão. Eram dois dias na semana muitos felizes para mim. Fiz no mesmo curso até meus 14 anos, 8a serie, tive que sair porque estava fazendo cursinho para a escola técnica – foi uma crise muito grande ter que parar. Depois que entrei no CEFET, tendo feito valer a pena o sacrifício de sair do inglês, voltei para as aulas, só que em outro curso, numa versão mais adulta. E, no mesmo ano, viajei pra Disney, como presente de 15 anos. Pode apostar que uma das caras de pau com inglês enroladão a pedir tudo, falar tudo, desenrolar tudo, era eu. Foi um caminho sem volta. Idioma. Viagem. Nunca mais eu fui a mesma pessoa! Com 16 anos, eu acabei meu curso de inglês, antes de me formar no ensino médio. Para mim, o segundo passo era obvio: fazer espanhol. Mas tinha uma coisinha chamada vestibular que não permitiu, na época.
Quando passei pra UFF, a primeira providência tomada foi entrar no espanhol. Que decisão mais maravilhosa, cara. Deus abençoe essa fissura. Fiz intensivo, super intensivo, curso de verão, devorei o curso, os livros, o idioma e me apaixonei de corpo e alma. Em um ano e meio acabei o curso. Além disso dei sorte de cruzar com pessoas incríveis nesse caminho que fizeram a experiência ser mais valida ainda. E aí, lembra que idioma e viagem se conectam, nessa história né?! Por causa do espanhol, como já disse por aqui, pude arriscar a tentar um intercambio pela faculdade e, ah moleque, fiz um semestre da faculdade na Espanha – La Coruña – foi/é/vai sempre ser um pouco minha casa. Várias das melhores lembranças que tenho na vida, eu adquiri durante o intercambio, fora as amizades que – que sorte na vida de essas pessoas terem passado na minha vida, e que algumas tenham ficado.
Voltei para o Brasil, um pedacinho do meu coração ficou.
Eu estava nos últimos períodos da faculdade, mas o terceiro passo já era obvio, mais uma vez: aprender francês. Por conta da carga horaria, Monografia e trabalho, não deu. Tive que adiar para quando acabasse a faculdade. Monografia entregue, com nota, free at last da UFF! Entrei para o francês. Depois de um semestre de curso fui para aulas particulares. Infelizmente tive que pausar nessa parte. Mas o francês é uma admiração e um desafio, porque apesar de todo o meu esforço não consegui chegar na parte que me considero uma pessoa que domine, mas eu vou chegar lá. E, eu pausei por uma causa boa, realizar o sonho de trabalhar fora e aqui eu estou.
Mas, porque eu estou falando isso tudo? Já falei demais, até… O que eu queria dizer é que estar morando, trabalhando, fazendo amizades em um pais que fala um idioma totalmente estranho para mim é, com certeza, o maior pulo no escuro da minha vida. Viajar por aqui já seria muito desafiador, mas vir morar foi uma loucura tão grande, que sei nem descrever. Todas as pessoas me perguntam como é minha comunicação por aqui. No trabalho é fácil, porque todo mundo fala inglês, espanhol, francês, até um colega de trabalho, que é thai – maior loucura isso! – Fala um pouco de português. Mas na rua, é aquilo, as poucas palavras que já aprendi, arriscar um inglês que eles consigam entender, linguagem dos sinais e boa vontade. Quando saio com os amigos do trabalho, eles sempre juram que vão falar em inglês, mas nunca falam! E não é por mal, eu não fico nem brava, no Brasil, na minha roda de amigos, dificilmente falaríamos qualquer idioma que não fosse o nosso.
Agora, eu, maníaca por falar, ouvir e me comunicar e um dos seres humanos mais curiosos que já habitaram nessa terra, vivendo num lugar que eu não entendo as pautas das reuniões até que me traduzam, não entendo as risadas out of the blue no meio de uma conversa na copa, não entendo os ingredientes de uma comida em barraquinhas na rua, não consigo explicar direito os sintomas de mal estar no hospital/farmácia, não consigo pronunciar decentemente as palavras mais simples ou diferenciar os 5 tons que cada palavra tem em thai… Tem sido um aprendizado diário. Eu cheguei a um ponto de naturalidade que já me acostumei a não entender, a aceitar que preciso esperar alguém traduzir, a fazer todos os gestos possíveis para alguém tentar me entender e a não me estressar quando não entendo alguma coisa, ou quando riem e eu fico olhando em volta. Por que verdade seja dita, eu vou fazer mais o que?
É engraçado notar isso. Notar que eu sou um peixinho fora d’agua aqui, às vezes, e não importa o que eu faça para tentar mudar isso (por enquanto, enquanto não aprendo thai rs) e tudo bem. Resiliência. Paciência. Jogo de cintura. Bom humor. Já estou ficando craque nessas potencialidades por aqui.
03-05-2017 @ (10:21)
Que linda!! muito você mesmo.É nesse momento que não me arrependo de ter te criado para ser uma pessoa destemida, corajosa, q precisa saber lidar com os desafios que a própria vida nos apresenta a cada dia que abrimos nossos olhos, e quando temos essa oportunidade, devemos aproveitar, pois a cada dia podemos recomeçar e escrever uma nova história em nossa vida. Feliz com essa sua nova experiencia de escrever num Blog. Q Deus te abençoe em todas suas investidas para ser uma pessoa melhor a cada dia. Meu orgulho! beijos
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